quarta-feira, 5 de junho de 2013

Reeducação Postural Global e a Respiração


>






A Fisioterapia Respiratória teve importante evolução nas últimas décadas, com surgimento de novas técnicas e diferentes abordagens para o tratamento das patologias que afetam o sistema respiratório. Indivíduos com asma brônquica, síndrome do respirador bucal, rinite alérgica, pneumonias, DPOC, tosse crônica e muitos outros problemas respiratórios, são tratados com o objetivo de reduzir crises, prevenir complicações, deformidades e evitar novos episódios agudos.

O que é microfisioterapia

Fisioterapia ocular - Ortoptica

Pilates para todos

O que é: Tendinites e Tenossinovites


BIOMECÂNICA DA RESPIRAÇÃO

Respirar é uma função automática e imprescindível para a vida. No entanto, necessita ser aprimorada para que não apenas cumpra sua função fisiológica mas também proporcione condições ideais para o bem estar de cada indivíduo. Esta premissa torna-se mais verdadeira nos portadores de patologias respiratórias, em virtude da necessidade resultante de superar as alterações decorrentes da própria doença.

O diafragma é o principal músculo da respiração. Uma inspiração correta se faz às custas do relaxamento da musculatura torácica superior e da contração diafragmática, que promove uma leve projeção do abdome para frente, facilitando a expansão pulmonar. A expiração, ao contrário, caracteriza-se pelo relaxamento diafragmático e por uma leve contração abdominal, ao mesmo tempo em que os pulmões retornam à posição inicial.

Biomecânica Respiratória alterada

A biomecânica respiratória funciona de forma precária nos pacientes com afecções respiratórias, em função das características peculiares às próprias patologias: hipersecreção brônquica, diminuição da elasticidade pulmonar, alteração na complacência, etc.
A moderna visão fisioterápica, baseada nas teorias de reeducação postural global (RPG), divide o corpo humano em diversos grupos de cadeias musculares, sendo as principais:

Cadeia inspiratória
Cadeia mestra anterior
Cadeia mestra posterior

A cadeia inspiratória encontra-se bloqueada e encurtada nos asmáticos, resultando numa diminuição do movimento da caixa torácica inferior e numa inversão da função diafragmática. Com o passar do tempo, a manutenção continuada dessas alterações resulta num desequilíbrio muscular progressivamente mais intenso, culminando no surgimento de deformidades torácicas e alterações das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral.

Ressalta-se que a cadeia inspiratória se encontra inserida em outras cadeias, o que resulta no encurtamento das cadeias mestras anterior e posterior, entre outras.

A musculatura acessória é recrutada tornando a respiração mais apical, já que se encontra principalmente em tórax superior.

O tórax inferior diminui sua amplitude com uma respiração curta e ineficiente que favorece o acúmulo de secreção, a formação de áreas hipoventiladas, podendo chegar a atelectasia, alterando a relação ventilação/perfusão. A respiração se torna menos eficiente e com um maior gasto energético. Os esforços do diafragma contra a resistência oferecida pelo aumento da pressão pulmonar, puxam o esterno as costelas baixas para dentro, ocasionando a depressão do terço médio e inferior do tórax e a elevação do terço superior do tórax causando o peito de pombo.

Caso estas retrações/desequilíbrio ocorram em crianças, o crescimento ósseo sofre restrição pelo grande encurtamento muscular, o que pode diminuir o crescimento e aumentar as alterações posturais.

SÍNDROME DO RESPIRADOR BUCAL

Para um trabalho respiratório eficiente, é fundamental a participação harmoniosa de todo aparelho respiratório. O nariz é uma estrutura complexa, com múltiplas funções, dentre as quais filtrar, umedecer e aquecer o ar respirado. Só a respiração nasal é capaz de produzir a participação harmoniosa de todo o aparelho respiratório funcional, que é fundamental, garantindo assim adequadamente o ritmo respiratório e sua amplitude.

O paciente respirador bucal necessita de uma abordagem multidisciplinar, que inclui desde o médico de cuidado primário como o pediatra passando por especialistas como alergistas, otorrinos, pneumologistas, dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, além de diversos outros profissionais como: enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e equipe escolar, com ênfase no professor de educação física.

A respiração nasal é fisiologicamente mais eficiente, mais lenta e mais profunda. A respiração bucal é mais superficial, mais alta, produz uma diminuição de oxigenação pulmonar e consequentemente a instalação de um ciclo respiratório inadequado.

Principais Alterações verificadas no Respirador Bucal

Mecânica ventilatória: respiração torácica superior e diminuição da mobilidade diafragmática.
Alterações posturais: aumento da lordose cervical e hipercifose dorsal, escápulas aladas, abdome protuso e projeção anterior dos ombros. 

Alterações craniofaciais: compressão maxilar, alteração no posicionamento da língua e da mandíbula, má oclusão e alteração da biomecânica da articulação temporo mandibular. 

Angústia respiratória que se reflete numa diminuição de qualidade de vida. Pode apresentar apnéia obstrutiva do sono.

REEDUCAÇÃO RESPIRATÓRIA E POSTURAL GLOBAL

O tratamento moderno fisioterápico utiliza técnicas de correção postural visando reeducar a respiração e o corpo, promovendo uma verdadeira reestruturação postural global.

Este trabalho é realizado através de posturas estáticas de alongamento e relaxamento muscular de todo o corpo com objetivo de "esticar o fio" das retrações musculares do paciente. No decorrer do tratamento, ensina-se o paciente a conhecer sua respiração e a posicionar seu corpo corretamente.

Recomenda-se a utilização concomitante de técnicas manuais especificas para relaxamento muscular, já que verifica-se nos asmáticos, em especial nos idosos, uma grande contratilidade muscular. Além disso, o contato manual e pessoal contribui da forma sensível na relação direta com o paciente e nos aspectos psicológicos envolvidos.

Objetivos Gerais da Fisioterapia:

Melhora a qualidade de vida;
Reequilíbrio do sistema músculo esquelético;
Prevenção de crises e melhora do controle respiratório na vigência de episódios agudos;
Prevenção de deformidades do tórax e de alterações da coluna vertebral;
Aumento da capacidade ventilatória;
Reeducação e conscientização respiratória diafragmática e postural global;

AVALIAÇÃO FISIOTERÁPICA

Anamnese - completa e criteriosa do paciente.

Exame físico
Sinais vitais
Inspeção
Palpação (FTV, auscultura)
Dinâmica de tórax / cirtometria / padrão respiratório

Provas de Função Pulmonar ou Espirometria: tem objetivo de detectar disfunções pulmonares destrutivas de forma precoce; detectar ou confirmar disfunções pulmonares restritivas: diferenciar uma doença obstrutiva funcional de uma restritiva e ainda como avaliação de risco cirúrgico.

Os equipamentos computadorizados oferecem a vantagem da rapidez no fornecimento final dos dados, pois já dispõem da integração dos valores previstos da normalidade.

Cinesioterapia Respiratória

Constituem técnicas manuais e exercícios terapêuticos orientados com objetivo de otimizar a capacidade ventilatória com um menor gasto energético.

Objetivos da cinesioterapia:

Relaxar musculatura torácica superior
Reeducar diafragma
Adequar musculatura expiratória
Promover limpeza brônquica


Técnicas cinesioterápicas:

Percussões pulmonares: engloba manobras realizadas com as mãos (tapotagem) de forma ritmada e/ou compassada com objetivo de descolar a secreção pulmonar viscosa, permitindo seu deslocamento pela árvore brônquica, facilitando sua eliminação.

Vibração Manual: consiste em movimento rítmicos rápidos e com intensidade suficiente para causar a vibração em nível bronquial.

Tosse Assistida: corresponde a uma pressão rápida das mãos do terapeuta no tórax do paciente.

Massagem Perinasal: consiste em movimentos massageadores circulares, realizados com os dedos polegares e/ou indicadores nas regiões perinasais. Após uma higienização da cavidade nasal, através da colocação de soro fisiológico nas narinas, a massagem deve ser aplicada com pressão suficiente para estimular o descolamento de secreções retidas nos seios paranasais. Esse procedimento favorecerá o aumento da luz para a passagem do ar, promovendo indiretamente a melhora da ventilação pulmonar.

Pressão Expiratória / Compressão Torácica: consiste em deprimir passivamente o gradil costal do paciente, auxiliando o que ele consegue realizar ativamente, durante uma expiração normal ou forçado.

Estimulação Diafragmática: é um trabalho muscular diafragmático de contração seguido da contração voluntária máxima, com o objetivo de reeducar ou melhorar a respiração diafragmática no paciente, aumentando o diâmetro longitudinal, acarretando melhor ventilação pulmonar.

Estimulação Costal: consiste em acompanhar, com as mãos o gradil costal na fase expiatória, bloqueando na fase inspiratória, fazendo um reflexo de estiramento, permitindo assim a expansão máxima possível do gradil costal, aumentando os diâmetros ântero-posterior e latero-lateral do tórax.

Drenagem Postural: consiste no posicionamento do paciente para facilitar a drenagem de secreções. A posição e a área a ser desobstruída pode ser determinada pela ausculta ou através de radiografia.


Espero que você tenha gostado desse texto! Se você quiser saber mais sobre Terapia Manual, tenho algumas dicas para você:
  • De Graça: Ganhe um Drive Virtual com artigos sobre Terapia Manual
  • Cursos: Relação de Cursos sobre Terapia Manual
  • No Email: Receba notícias sobre Terapia Manual
  • No Whatsapp: Grupos para Profissionais

  • Outros Posts de Terapia Manual


    Receba no seu Email: